TDAH na Adolescência: Desvendando os Muitos Lados Desse Desafio e Como Podemos Ajudar Nossos Jovens

Ah, a adolescência! Para muitos, essa fase é como uma montanha-russa de emoções, descobertas e, claro, desafios. É um período em que nos descobrimos, formamos nossa identidade e começamos a sonhar com o futuro. Agora, imagine essa jornada sendo vivida por um jovem que lida com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Para eles, a intensidade e a complexidade podem ser ainda maiores.

Quando pensamos em TDAH, muitas vezes imaginamos alguém distraído ou agitado. Mas o TDAH na adolescência vai muito além disso: ele impacta diversas áreas da vida, ultrapassando os limites da sala de aula. Uma pesquisa recente, que revisou diversos estudos, trouxe à tona como o TDAH pode ser um fator que “custa caro” na vida de quem o enfrenta.

Nosso objetivo aqui é descomplicar essas informações. Queremos que você, seja pai, professor ou apenas alguém interessado no tema, entenda melhor o que acontece, reconheça os sinais e, principalmente, saiba como oferecer o melhor apoio. Afinal, conhecimento é poder, e juntos podemos ajudar esses jovens a construir um futuro mais leve e promissor.

Os Vários Rostos do TDAH: Impactos que Vão Muito Além do Esperado

O estudo que embasa esta conversa analisou 68 trabalhos acadêmicos e identificou sete grandes áreas onde o TDAH pode impactar a vida dos adolescentes. Essa divisão nos ajuda a perceber que não estamos lidando com um problema isolado, mas com um conjunto de desafios interligados. Vamos explorar cada um deles:

Comportamentos Que Preocupam e Dificuldades na Conexão Social

Os comportamentos foram a área mais citada como afetada pelo TDAH. Isso inclui condutas que acendem alertas, como envolvimento em delinquência, explosões emocionais, dificuldade em se organizar e planejar tarefas e problemas no desempenho escolar. Além disso, há um risco maior de consumo de drogas (álcool, maconha) e evasão escolar.

Adolescentes com TDAH que apresentam mais hiperatividade e impulsividade têm maior tendência ao uso de álcool e outras substâncias. Já aqueles com predominância de desatenção podem estar mais vulneráveis a comportamentos sexuais de risco, incluindo infecções sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. Outros comportamentos preocupantes incluem o uso excessivo de redes sociais e até automutilação, especialmente em meninos com o tipo combinado de TDAH.

Além dos desafios comportamentais, as relações sociais também sofrem impacto significativo. Jovens com TDAH frequentemente apresentam habilidades sociais menos desenvolvidas e constroem amizades de menor qualidade. Isso pode criar um ciclo difícil: o adolescente se sente rejeitado, reage com agressividade, e essa agressividade aumenta ainda mais a rejeição. Em uma fase da vida onde ter amigos é essencial, essa realidade pode ser muito dolorosa, afetando a autoestima e o desenvolvimento emocional.

Corpo e Mente: Como o TDAH Afeta a Saúde Integral

A saúde do adolescente com TDAH merece atenção em dois aspectos: físico e mental. A pesquisa apontou impactos biológicos que vão desde problemas dentários e de visão até distúrbios do sono e desconfortos gastrintestinais. Por exemplo, a respiração pela boca, comum em alguns casos, pode prejudicar o sono e, consequentemente, o rendimento escolar. Ganho de peso e até lesões cerebrais também foram identificados como preocupações.

No campo da saúde mental, o cenário é ainda mais complexo. O TDAH frequentemente vem acompanhado de outras condições, como transtornos por uso de substâncias (álcool, nicotina, maconha), transtornos de personalidade, ansiedade, depressão e até bulimia nervosa. Adolescentes com TDAH têm um risco maior de tentativas de suicídio e comportamentos agressivos, além de enfrentarem mais dificuldade em controlar suas emoções.

O Lado Psicológico e o Funcionamento do Cérebro: Desafios Internos e Cognitivos

Do ponto de vista psicológico, o TDAH pode levar a uma autopercepção negativa, acompanhada de baixa autoestima, dificuldade em gerenciar emoções e problemas na tomada de decisões. Pensamentos suicidas e automutilação também são preocupações sérias. Essa dificuldade em regular emoções e se enxergar de forma positiva compromete a qualidade de vida e pode levar a escolhas prejudiciais.

Já os impactos cognitivos e neurológicos são a base de muitos desafios. Estudos apontam deficiências nas funções executivas, essenciais para organização e planejamento, além de lentidão no processamento de informações. Neurologicamente, há alterações na atividade cerebral e menor volume de massa cinzenta em regiões importantes do cérebro. Isso reforça que o cérebro de quem tem TDAH funciona de forma diferente, afetando diretamente suas capacidades de pensar e agir.

A Chave É Uma Abordagem Completa e Integrada

A grande lição que tiramos dessa pesquisa é que o TDAH na adolescência é um desafio multifacetado, que exige uma resposta igualmente abrangente. Não basta focar em apenas um aspecto; é preciso olhar para o jovem como um todo.

Para pais e educadores, isso significa oferecer um apoio completo, envolvendo:

  • Apoio Psicológico: Trabalhar a autoimagem, o controle emocional e as habilidades sociais do jovem.
  • Ajustes na Educação: Adotar estratégias que melhorem o aprendizado e a organização.
  • Cuidado com a Saúde Física: Monitorar problemas de sono, alimentação e outros aspectos de saúde.
  • Prevenção e Tratamento de Outras Condições: Ficar atento a sinais de ansiedade, depressão e uso de substâncias, buscando ajuda especializada.
  • Orientação Familiar: Fortalecer os laços familiares e capacitar a família para apoiar o adolescente.

A detecção precoce e a intervenção adequada, com a ajuda de um psiquiatra infantil e uma equipe multidisciplinar, são fundamentais para suavizar os impactos e dar ao adolescente as ferramentas necessárias para crescer e florescer.

Reflexão: Como Podemos Ajudar?

  1. Qual dessas áreas de impacto (comportamento, relações sociais, saúde física, saúde mental, psicologia, cognição) você percebe que mais afeta um adolescente com TDAH que você conhece?
  2. Já presenciou comportamentos de risco ou dificuldades sociais em adolescentes com TDAH? O que fez ou faria para buscar ajuda?
  3. Que tipo de informação ou recurso adicional ajudaria você a apoiar um jovem com TDAH?

Referências

PIRES, Samia Marcia Araujo Monteiro et al. Impactos do TDAH à Adolescência: Revisão Sistemática de Literatura. Revista Brasileira de Educação Especial, Dourados, v. 30, e0174, p. 1-20, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-54702024v30e0174. Acesso em: 28 out. 2025.

Advertência

Este conteúdo é informativo e não substitui a consulta a um profissional de saúde qualificado. Em caso de dúvidas ou necessidade de avaliação, procure um psiquiatra infantil ou outro especialista adequado.